BRAVÃES, 1972

Em 1972 realizou-se em Bravães a missa nova do padre Freitas, momento registado na fotografia a cima. Em baixo está a mesma prespetiva, 42 anos depois.
A única estrada pavimentada era a estrada nacional, que aparece na fotografia. A primeira estrada secundária só foi aberta 3 anos depois. A luz eléctrica fazia 12 anos em Bravães, pelo menos a da igreja.


Passadas 4 décadas, a estrada nacional 203 tornou-se demasiado movimentada (mais em velocidade que em quantidade) e a mercearia, que se escondia naquele dia de festa por de trás das pesadas portas de madeira, acabou por dali sair para se instalar 50 metros ao lado, com direito a parque de estacionamento e esplanada.
O estreito portal, que no dia de festa se embelezou com um arco forrado a papel e cola de farinha, teve de ser alargado para guardar o carro, que em 1972 se estacionava cá fora.
Agora, inseguro, o mercedes passou lá para dentro, escondido atrás do grande portão verde com lanças anti vandalismo.
Os fios de chuva que caíam do beirado incomodavam os utentes da mercearia e encaminharam-se por caleiras em alumínio pintado de verde, como o portão.
O vinho deixou de se beber, e as ramadas foram podadas pela raiz. As portas de madeira ainda lá estão, pintadas de branco, por de trás de cortinas em croché e portadas hi-tec em alumínio+pvc+vidro.
A estrada, que se tornou perigosa, ou lá não estivesse o espelho olho de peixe, passa a 1 metro. A parede, essa, despiu-se da pele do reboco e pôs os músculos de granito à mostra. Das pessoas, sei que pelo menos o padre Freitas está vivo, para já, mas deve ser dos únicos. Quanto ao Mercedes que aparece de esguelha, deve ter sido trocado por um Mercedes mais novo, que se escondeu atrás do portão anti-vandalismo.