EM TEMPO DE QUARESMA, AGUARDEMOS A RESSUREIÇÃO


Oh ponte da barca oh ponte,
Oh terras de lá de cima
Com suas casinhas brancas
Viradas para o Rio Lima

Era uma casa simples, de um avô pedreiro e de uma avó que se dedicava à casa e à lavoura, como todas as avós. A foto é do final dos anos 80, tirada apartir do terraço onde se malhava o milho e estendiam os frutos da terra ao sol. A guarda que circundava o terraço era muito baixa, feita em tijolos afastados, num xadrez de aberturas que coroava um dos anexos da casa. O plano horizontal do terraço prolongava-se para o plano da ramada, que envolvia a pequena casinha branca, como tantas outras, e a refundava na paisagem verde do vale do Lima. As árvores rompiam ramadas até ao nível das janelas, de onde se podia colher os frutos sem sair de casa. Era uma casa viva.


Ao lado está a mesma casa depois de morta, em vias de renascer. A casa não está acabada, nem pretende estar acabada. A recuperação limita-se numa primeira fase a recuperar a estrutura e a deixar em aberto o espaço interior, para que a ocupação e o tempo façam a sua parte e devolvam à arquitectura a sua vida.



Nota: Na foto está um tio avô que passou a vida a falar no gerúndio na terra do samba, um primo que agora é GNR e uma avó que partiu mal eu atingi a idade de a guardar na memória.